terça-feira, 15 de março de 2011

Ingratidão, triste ingratidão.


“De caminho para Jerusalém passava Jesus pelo meio de Samaria e da Galiléia. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, que ficaram de longe e lhe gritaram dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós! Ao vê-los disse-lhes Jesus: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que indo eles, ficaram purificados. Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano. Então Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, por ventura quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.”

Lucas 17:11-19

Uma das primeiras coisas que meus pais me ensinaram na vida foi falar “muito obrigado”, pois segundo eles, agradecer seria sinônimo de ter educação, talvez por isso que minhas primeiras orações foram assim: “Papai do céu, muito obrigado pela vida do papai, da mamãe, do vovô, ... agradeço também pela vida do Bolinha (meu cachorro), ...”. No texto acima nós vemos Jesus lidando com dez leprosos, nove se destacaram pela falta de educação, pois ao serem curados da lepra não falaram nem um muito obrigado a Jesus e um se destacou pelo fato de voltar e agradecer pelo milagre recebido. Hoje eu não sei em que grupo me encaixaria melhor, pois parece que eu, assim como a maioria das pessoas do mundo, me esqueci de tudo o que os meus pais me ensinaram, e por mais que eu ore e agradeça a Deus pelo que Ele faz por mim tenho a impressão de que esqueci de falar um muito obrigado por algum presente recebido.

Estes dez homens que foram alvos da graça de Deus se assemelhavam em seus problemas. Todos eles eram leprosos, é claro que todos tinham uma história diferente, mas com certeza todos teriam o mesmo fim. Suas vidas se cruzaram pela catástrofe de uma doença que degenerava não só o corpo, mas acabava também com a alma, pois a rejeição era o alimento diário de cada um. Nenhum deles tinha razão de agradecer por nada e a ninguém, até o dia em que Jesus de Nazaré resolveu passar por ali.

Oportunidade é o tipo de coisa que não se pode perder na vida, pois talvez ela não se repita, e os leprosos sabiam disso, por isso bradaram, gritaram quando Jesus passou ali. Gritar pode não ser educado, mas quando se está numa situação em que a morte é a companheira mais próxima, gritar para chamar a atenção do Senhor da vida ganha status de bravura e persistência com a vida. O segredo para se alcançar o milagre é não desistir jamais, e é isso que esses dez leprosos nos ensinam.

O Pastor Jesus não estava insensível ao sofrimento daquelas dez ovelhas doentes, por isso, Ele pára, olha e vê aqueles homens desesperados pela vida. Essa atitude de Jesus revela sua sensibilidade e sua plena disposição em socorrer os aflitos e desesperançados, aqueles que a sociedade rejeita Jesus abraça e aqueles que a religião descarta Jesus toma para si e cuida.

Diferentemente dos outros milagres, Jesus não tocou nestes leprosos, Ele apenas deu uma ordem. A condição para serem curados era simplesmente obedecer à ordem de Jesus. A Bíblia diz que aqueles desesperançados começaram a caminhar rumo aos sacerdotes e a cada passo que davam a esperança ressurgia, pois cada passo em obediência correspondia a uma ferida a menos. Então no meio da caminhada os dez se olharam e perceberam que a lepra havia ficado no caminho, todos estavam curados e no calor da alegria apenas o samaritano, aquele que era duplamente rejeitado, resolveu voltar para celebrar o milagre.

Um grande problema requer um grande milagre e um grande milagre merece uma grande celebração. O samaritano que foi curado, agora assumia o posto de adorador visto que com a mesma intensidade que ele havia clamado ele agora voltava em plena adoração. Mas não vamos nos precipitar jogando pedras nos outros nove, antes avaliemos nossa real condição, será que não nos encontramos com eles no caminho rumo aos sacerdotes? Alguém poderia dizer, mas eles não estavam sendo obedientes a Jesus indo ao encontro dos sacerdotes? Sim, mas ser obediente não implica em ser ingrato. A gratidão a Deus nasce da espontaneidade do coração já a obediência é fruto do temor que nutrimos por Ele. E gratidão e obediência são coisas que não podemos separar na nossa caminhada. Voltar para celebrar não redundaria em desobediência, mas demonstraria a mais pura espontaneidade do coração refletida no simples ato de voltar e agradecer.

Dez foram os curados da lepra, mas somente um foi curado das feridas abertas pelo pecado. Somente o que voltou pôde escutar de Jesus: “Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.”. Talvez este seja o maior milagre desta história. Voltar para o caminho com esta frase no coração é a maior prova de que a vida em toda sua plenitude foi completamente restituída.

Jonatas Oliva

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