domingo, 27 de janeiro de 2013

Investindo no que vale a pena



Não são poucas as vezes que me assusto com essa geração. A superficialidade relacional do nosso tempo chegou a níveis tão rasos que dificilmente encontraremos amizades que resistam às intempéries da vida, dificilmente encontraremos também uma fé que não se abale diante de uma tempestade imprevista. Nosso relacionamento horizontal e vertical foi profundamente afetado por essa superficialidade. Adoecemos a ponto de não percebermos o quanto nossas relações estão próximas da sepultura. É triste limitar o mundo a um simples compartilhar, comentar ou curtir algo no facebook, pior ainda é pensar que verdadeiras amizades se solidificam na tela de um computador. Mas, o que me deixa realmente apavorado é perceber que essa doença relacional se espalhou como metástase em todos os órgãos da vida, afetando em cheio o nosso relacionamento com Deus. Campanhas infindáveis lotam os templos de pessoas vazias que se iludem com a proposta de alcançar bênçãos imediatas colocando em prática uma fé que na verdade não passa de uma moeda que tenta comprar o favor de Deus, as pessoas se esqueceram de que não é Deus que está sujeito a nossa fé, é nossa fé que precisa estar sujeita a Deus. O desinteresse pela bíblia, a supervalorização do gospel e as jihads denominacionais e entre irmãos também refletem nossa crise.

Para quem deseja realmente se aprofundar em um relacionamento sério e relevante com Deus eu sugiro o investimento em quatro áreas da vida cristã e são elas:

I-                   “A palavra”                       Ouvindo Deus através da bíblia

Deus fala de muitas maneiras e eu não duvido disso, mas Deus fala poderosamente também através da sua Palavra. Aliás, a palavra de Deus é luz para os nossos caminhos (Salmos 119:115), é a palavra de Deus que precisa ser guardada no coração (Salmos 119:11), nós perecemos é por falta de conhecimento da palavra e do poder de Deus (Mateus 22:29), é ouvindo a palavra de Deus que a fé se fortalece em nosso coração (Romanos 10:17), é a palavra de Deus que nos fortalece, pois segundo a visão que Deus revelou a Ezequiel cap. 02 e 03 a palavra precisa ser digerida, precisa cair no estômago, ela precisa estar dentro de nos. É uma pena que muitas pessoas hoje em dia prefiram se alimentar de revelações de profetas mentirosos, oportunistas, muitas vezes imaturos que no fervor de suas emoções oferecem um prato de profecias regadas a jargões simplistas que dificilmente alimentará os anseios mais profundos da alma. Uma das coisas que tem gerado um esgotamento espiritual repentino na vida de muitas pessoas é o tipo de comida com que elas têm se alimentado. Se não ouvirmos Deus falar através de Sua palavra, toda vida espiritual estará aquém daquilo que o Senhor deseja, nossa oração será apenas composta de palavras soltas ao vento, nossa adoração será paupérrima e nossa vida espiritual se definhará até morrermos de tanta fraqueza.

II-                “Oração”               Falando com Deus no silêncio do nosso quarto

Depois de ouvirmos Deus falar sentiremos a necessidade de respondê-lo. Essa resposta muitas vezes é dada em oração. Orar na igreja é uma benção, o clamor coletivo às vezes é necessário, receber a imposição de mãos juntamente com a oração da fé é preciso, mas não podemos nos esquecer que um dos melhores lugares que existem para nos encontrarmos com o Pai é no silêncio do nosso quarto (Mateus 06:06), lá nós somos o que realmente somos e é nesse lugar que tem o nosso cheiro que o Pai quer que desvendemos os segredos mais profundos do coração. Deus está pouco interessado no nosso vocabulário, ou na introdução meio e fim de nossa oração, mas com toda certeza Ele está muito atento a sinceridade que salta do nosso coração. É na intimidade do nosso quarto que Deus quer ouvir a nossa voz, enxugar as nossas lágrimas e nos levar a águas tão profundas a ponto de ficarmos extasiados com seu amor.

III-              “Adoração”           Adorando a  Deus por tudo que Ele é, faz, fez e ainda fará

Quando nos encontramos com Deus é impossível não adorá-lo. Prostrar-nos diante daquilo que Ele é, faz, fez e ainda fará é a primeira ação que temos quando somos tomados pela consciência de sua presença. Agora o que precisamos entender é que a adoração está para além do som produzido pela boca ou de algum instrumento. A música, louvor (do hebraico halal, “barulho”) pode estar encharcada de adoração, mas a adoração (do hebraico shachac, prostrar-se) nem sempre se manifesta através de músicas, louvor. Uma das cenas mais marcantes de adoração no NT é quando uma mulher sem proferir uma só palavra se lança aos pés de Jesus em profunda reverência e os lava com suas lágrimas enxugando-os com seus cabelos e perfumando todo ambiente com ungüento (Lucas 07:37...), isso é adorar! Eu não sou adorador porque sou músico, sou adorador porque me prostro diante do Senhor da vida. Muitas vezes assim o faço com um novo cântico em minha boca, acompanhado de violões, guitarras, baterias e danças, porém em outras tantas vezes me prostro no mais profundo silêncio reconhecendo a soberania de Deus sobre todas as coisas.

IV-             “Comunhão”          Não estamos sozinhos na caminhada

Se lermos a palavra todos os dias, orando em todo o tempo, adorando em toda e qualquer situação, mas não amarmos o nosso irmão, estaremos caminhando para o inferno ajoelhados, com os olhos fechados e com a bíblia debaixo do braço. Não há possibilidade de andar na luz odiando nossos irmãos na fé ( I João 03). Precisamos amar quem Deus ama, simples assim. Não existe cristianismo solitário e se queremos nos aprofundar num relacionamento sério com Deus não podemos nutrir ódio por ninguém que é alvo da sua graça. Se depender de nós precisamos ter paz com todos, fazendo com que nossa identidade seja o amor. Não podemos fugir da bacia e da toalha, lavemos os pés uns dos outros, pois a caminhada é longa e todos nós sujamos os pés em algum momento do percurso.


“A superficialidade é a maldição de nosso tempo. A doutrina da satisfação instantânea é antes de tudo, um problema espiritual. A necessidade urgente hoje não é de um maior número de pessoas inteligentes ou dotadas, mas de pessoas profundas.” Richard J. Foster



Jonatas Oliva



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