terça-feira, 29 de maio de 2012

ESGOTADOS NO CAMINHO


Na minha caminhada “evangélica” tenho me deparado com pessoas de todos os tipos: entusiasmadas, inocentes, apaixonadas, ortodoxas, liberais, farisaicas, imaturas, maduras, sinceras... Há todo tipo de crente espalhado nos mais diversificados apriscos da vida. Mas um tipo em especial vem me preocupando em demasia, são os crentes que se exaurem no meio da caminhada, aqueles que perdem o coração antes do fim do caminho. Essas pessoas se tornam extremamente frias, negativistas, cansadas, raivosas, descrentes e vazias. Algo lhes suga o que há de bom e o que resta são apenas testemunhos saudosistas de quem se frustrou crendo que dias melhores viriam. É triste vermos gente boa na periferia da vontade de Deus, debruçadas sobre a fadiga e se alimentando de frustrações.

As causas para essa exaustão espiritual são diversas, mas com toda certeza todo o problema começa no prato onde as pessoas estão se alimentando. A boa comida espiritual anda escassa por isso os crentes andam comendo qualquer coisa que lhes vem à boca. A falta de discernimento aliada à superficialidade dessa geração tem nos fragilizado a ponto de termos dificuldades de julgar as coisas mais simples da vida. A leitura da Palavra foi substituída pelos DVDs de pregação e os tele evangelistas ganham a cada dia status messiânicos a ponto de não poderem ser questionados em meio as suas loucuras descomunais. A dificuldade de se estudar a Palavra abrange parte dos pregadores que por sua vez se contentam em papagaiar os jargões cansativos e inócuos de quem é o sucesso da vez.

Além do veneno que as pessoas jogam para dentro de si muitas vezes sem saber, há também um sério problema relacional que se debruça sobre o fato dos “crentes” acreditarem que são avaliados ou aceitos por Deus devido ao bom desempenho no serviço cristão. Nesse sentido quem faz muito se sente confortável em exigir seus direitos e quando a recompensa não é a esperada aí bate a sensação que Deus não é um bom patrão. Por outro lado quem não consegue acompanhar os “super crentes” se sentem frustrados por não terem os “super poderes”. Assim as pessoas adoecem, são tomadas de amnésia, se enfraquecem simplesmente por não enxergarem Deus como Pai. A igreja nos ensina a chamar Deus de Pai, mas muitas vezes nos leva a relacionarmos com Ele como se fossemos escravos. Tem muita gente parecida com o moço mais velho da parábola do filho pródigo, nunca saíram de casa, porém nunca conheceram o Pai amoroso que tinham perto de si, são filhos que vivem como escravos. Não podemos esquecer que o amor de Deus por nós não tem nada haver com o que fazemos e sim pelo que somos. Nós não obedecemos para sermos amados, obedecemos porque somos amados.

No nosso tempo a falta de compreensão do que é fé também tem matado muita gente, pois não são poucas as pessoas que acham que Deus precisa se submeter a nossa fé. A grande verdade é que nossa fé é que precisa se submeter à vontade de Deus e não o contrário. Fé não é a moeda que compra Deus. A fé me lança nos braços de Deus em plena confiança ela nunca me coloca no “sindicato dos crentes inconformados, insatisfeitos e revoltados”. Se temos fé então confiamos, se temos fé em Deus logo confiamos nEle independente das circunstâncias ou do dia mal que chega sem a gente chamar. A fé em Deus abre os nossos olhos para que o enxerguemos no trono e é essa a visão que nos libertará do sofrimento de querer controlar as circunstancias que sempre nos escapam por entre os dedos.

Eu acredito que só existe um Caminho para o renovo. Para os que já se esgotaram se faz necessário refazer a caminhada de volta para casa do Pai e aceitar o amor de um Pai que nunca desistiu de esperar pelo filho que se perdeu. Para os que estão de pé é imprescindível continuar seguindo as pisadas de Jesus, ou seja, continuar no Caminho que conduz ao centro da vontade do Pai.

                                                                                                                         Jonatas Oliva


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